Exú By: Alessandro Coi
31/10/2014 11:25
Exú by Alessandro Coi
Pra mim um ancestral que representa a essência mutável e contemporânea brasileira, uma perpetuação dos cultos aos ancestrais, que é característica comum aos povos que formaram nosso país etnicamente. Os grupos étnicos que formaram as religiões afro-ameríndias-brasileiras, eram focos de resistência, cultural, social e religiosa principalmente. Neles os ancestrais dos povos que foram oprimidos eram cultuados, cada um na sua ancestralidade, o negro com seus pretos velhos, babaeguns, e até nas suas divindades, a ancestralidade nativa do índio no caboclo, sobrando ainda o branco, colonizador e opressor dos citados.
Mas ele na sua origem européia e cristã não tinha esse culto, sua ancestralidade no máximo se resumia aos santos, que foram objeto de sincretismo e acabaram contribuindo, mesmo prejudicando mais talvez com o nascimento das religiões no Brasil, aquelas que nasceram aqui, pela diáspora dos negros que nos santos cultuavam seus Jinkisi, Voduns e Orixás secretamente, com seus okutás dentro dessas imagens, e seus rituais sendo realizados de maneira velada encobertos pelos mesmos ancestrais daqueles que os escravizavam e tentavam destruir suas culturas.
Dessa mescla, no início, ainda na tentativa de escravizar os nativos, os índios, verdadeiros donos da terra, começou a miscigenação e o nascimento de um novo povo, uma nova ancestralidade: A brasileira.
Ainda que os índios constituam a ancestralidade primeira dessa terra, essa ainda não era a Terra Brasilis, que se formou de vários povos nos dando a cara que temos hoje.
Querer atribuir apenas aos índios a ancestralidade nativa do Brasil vejo como erro, forma a base, mas não do Brasil, e sim desse território, mas se for assim, eles teriam vindo da África, berço da humanidade.
Assim, no começo da formação da Terra Brasilis se mesclaram os índios e os africanos de origem Bantu, os primeiros a chegar aqui como escravos, dad o fato dos índios não se mostrarem uma boa mão de obra escrava.
Pelo contato nas atividades agrárias e pela similaridade religiosa e social, índios e negros bantus interagiram e com o passar do tempo mesclaram seu sangue e suas culturas.
Começa ai o culto Bantu-ameríndio, matriz que muito depois formaria a Umbanda, ainda que indiretamente.
Prova está que o Candomblé Angola tem forte presença de caboclo, e são tratados como ancestrais nativos, mesmo não fazendo parte do culto do Candomblé. E se fazem presente especialmente nessa nação, em proporção muito maior que nas nações Ketu e Djedje, que derivam dos povos nagos e ewe-fons, que chegaram depois dos bantus, já com a presença menos significativa de interação com o índio.
Entre 1850 e 1913 a Nbandla que daria origem a Umbanda, a palavra bantu “`Nbandla” quer dizer em sua acepção principal “a congregação mais antiga”. Esta associação ou congregação mais antiga certamente assumiu este nome público, em outro tipo de sociedade, para separar-se, ou não ser confundida com uma outra associação, esta sim, por certo, “mais nova”.
Isso se deve ao fato de que, quando o Candomblé chegou no Brasil, essa prática que nós conhecemos teve início com três senhoras: Iya Detá, Iya Kala e Iya Naso, que fundaram o primeiro Candomblé de que se tem conhecimento, a atual Casa Branca, que funcionava na Barroquinha.
No início do século XIX, provavelmente em 1830, essas mulheres fundaram, num terreno arrendado nos fundos da Igreja da Barroquinha, onde cultuavam Nossa Senhora, uma casa de candomblé que recebeu o nome de Ìyá Omi Àse Aìrá Intilé. O candomblé da Barroquinha foi resultado da associação de elementos litúrgicos provenientes principalmente dos nàgôs e dos Djèdjè, e serviu de modelo a todos os demais, inclusive aos das outras etnias.
Dai a nagotização, tanto do Candomblé Angola e Djedje quanto da Umbanda, todas as etnias adotaram o culto aos Orixás como padrão, até pelo fato de maioria dos escravos mandados ao serem de cultura Yorubá.
Nesse ponto também as outras culturas africanas estavam perdendo identidade, pelo próprio tempo que já estavam afastadas de sua terra e de sua cultura, e pela maioria nago entre os negros escravos, o que forçava a naturalmente ocorrer uma adaptação cultural, lingüística e religiosa, sendo mantido apenas pelos mais velhos que viviam em núcleos mais afastados de grandes concentrações de outras nações e os últimos a chegarem aqui, que por esses motivos, mantinham ainda sua cultura original preservada.
Nos anos (18)40 e (18)50 foi constante a referência, nas páginas dos jornais do Rio de Janeiro e São Paulo, de reuniões de pretos (nomes dos negros de então), com finalidade aparente de praticar a religião. Tais reuniões, quando descobertas ou denunciadas, eram dissolvidas a pata de cavalo ou a golpe de bastões policiais, sendo seus praticantes recolhidos presos, quando não logravam fugir.
A partir dos anos (18)50, é nítida a separação de semelhantes “pagodes”, sempre destruídos, em duas famílias, o Candombe ou Candomblé e a Macumba ou Imbanda. Aparece, portanto, pela primeira vez (1853) a Nbandla bantu como ramo independente das religiões ou “cultos” afro-brasileiros.
Quanto ao nome de “pagodes”, eram dados por deboche pelas autoridades policiais, em virtude do caráter enfeitado e complicado dos rituais e dos instrumentos de culto ali evidenciados. Os objetos eram recolhidos ou ali mesmos destruídos.
A Nbandla foi assim uma ideologia social de importância nas condições do século XIX, em função do grande número de componentes dos povos Bantu, que na realidade sócio-cultural de então conformavam as populações locais brasileiras. No que se refere às aproximações com outras religiões, a destruição massiva dos elementos de culto e dos rituais eliminou a possibilidade de uma reconstituição dos caminhos culturais percorridos.
03/08/09
No entorno da Guerra do Paraguai (1860-1880), a `Nbandla sofreu forte impacto do Kardecismo, recém-implantado no Brasil e muito forte então no corpo de oficiais do exército e da marinha. A `Nbandla, sendo já à época conhecida como Umbanda (corruptela gerada pela pronúncia), no Rio de Janeiro tinha mesmo acesso às igrejas católicas onde concentravam as tropas que eram enviadas para o “front” paraguaio. Era então nítida a associação das cores das nações africanas, na escolha dos santos católicos que deviam favorecer os iniciados ou adotados pela Umbanda.
Os cânticos (ou “pontos”) expressam assim uma parte congelada das relações religiosas inter-étnicas, que necessitariam para ser corretamente datados de – ao menos uma preservação de amostras da estatuária sagrada ao longo das gerações. Dessa, ainda hoje – o pouco que resta se encontra nas mãos da polícia. Por isso, torna-se muito difícil chegar à definição dos lugares específicos das identidades religiosas (*dai o distanciamento dos Jinkisi, e conseqüente absorção dos Orixás no culto, mais conservado pela maior visibilidade de alguns terreiros com raízes Yorubas), com uma teoria adequada do papel das identidades eventualmente duplas ou triplas, nas fases históricas precedentes (da época contemporânea). A multiplicidade de papéis a desempenhar que se gera naturalmente numa sociedade em urbanização devia requerer oportunidades também múltiplas de transformação religiosa nos contextos étnico-sociais de então(*Nagotização).
No culto Bantu, a tenda pode atender coletiva ou individualmente. Os dias de atendimento eram coletivos geralmente às segundas e às sextas, sendo os demais dias –todos ou parte deles – dedicados a atendimentos individuais e à “prática da caridade”.
Mas e Exú? Se perdeu em alguma encruzilhada?
Claro que não, como Senhor dos Caminhos estava abrindo as portas da religião para o novo que surgia com o advento da abolição da escravatura e da nova situação do Brasil, que deixaria de ser mera propriedade de Portugal, assim como os escravos de seus senhores, e passaria, a ser uma nação independente que construiria a partir de então, identidade própria..
O atendimento coletivo substituía a antiga roda comum de delírio das aldeias Bantu na África (Ku Yinga). Ali podia-se entoar cânticos reelaborados para expressar a nova coletividade, evidentemente híbrida, de parentela e consangüinidade desconhecidas. Os antepassados eram invocados de acordo com uma nova terminologia mais abrangente,produzida pelos sacerdotes para cobrir um arco mais abstrato de relações com os fiéis. Nesse sentido, pode-se observar um deslocamento do outro mundo próximo para o outro mundo distante. A necessidade de generalizar as relações de parentesco para todos os Bantu e não-Bantu agora (então) desaldeiados levou à mitologia das Sete Linhas, cujas cores incorporam diferentes culturas e escolhas africanas. Constituiu-se assim nova hierarquia geopolítica da vida espiritual, para corresponder aos movimentos populacionais devidos à guerra, ao recuo da escravidão e ao avanço urbanizador.
Nesse ponto a essência de Exú, que é o movimento e o novo, se manifesta. O mensageiro dos Orixás trás para nosso plano a Criação de uma nova realidade, que mostrava mais que nunca a necessidade da manifestação de uma nova ancestralidade, que ao longo dos séculos se construiu no já então Brasil.
E quem melhor que ele para ser homenageado com seu nome para representar nessa nova fase a ancestralidade nativa, em um período em que se torna necessário se unificar as raças que fazem bater o coração desse novo povo movido pela mistura do sangue de guerreiros nativos e nobres sábios, usurpados por desbravadores que se tornaram um, mamelucos, mulatos, cafuzos, enfim, brasileiros.
03/08/09
O fim da escravidão e a urbanização vêm com uma avalanche de mudanças no contexto geral da vida do povo brasileiro. Agora existiam de fato cidadãos e um país nessa terra. Era então formada uma nação de fato e de direito. Ainda engatinhando e cheia de mazelas, mas com uma identidade própria, sem mais viver a sobra dos colonizadores, seja no âmbito político para o branco, ou no âmbito de liberdade em relação ao negro e o índio.
Pelas características específicas da religiosidade Bantu, o mundo é um encontro cruzado de dois ou quatro submundos. Ou melhor, são quatro os mundos, interligados, à maneira das quatro esferas de luz de Swedenborg: (1) “este mundo”; (2) o “outro mundo próximo”; (3) o “outro mundo distante”; e (4) o “outro mundo do nada”. As relações das pessoas comuns e de suas famílias se dão com seus antepassados antecedentes ou muito próximos (pais, avôs, etc) e (b) com os antepassados de seus antepassados (avos dos avôs, avôs dos avôs dos avôs, etc). A maioria de nossas desavenças se encontra assim nas relações dos dois mundos, ou seja, (1) este mundo; e (2) o outro mundo próximo. É claro que podem se dar relações mais profundas e mais complicadas, com soluções até fora de alcance. No entanto, a maioria das relações entre-mundos compreende esses dois mundos iniciais.
Isso, aliado a essa identidade que se forma na nação e que já tem uma ascendência brasileira de varias gerações (a essa altura os habitantes do Brasil tinham sua ancestralidade conhecida, de forma pessoal ou oral, toda brasileira, por estarem a gerações aqui).
Está formada assim a ancestralidade brasileira, não da terra no sentido geográfico, mas do povo, da nação que passa a existir e precisa descobrir e assumir sua identidade.
Creio que toda religião é única, o que vejo na Kimbanda como um traço muito forte, que pelas conseqüencias disso acaba dando esse carater diferenciado, é ela sempre ter sido um foco de resistência ativa, todas religiões que foram perseguidas foram focos de resistência, mas quase a totalidade foi de forma passiva, enquanto a Kimbanda sempre teve clara e aberta a política de não-aceitação e de reação a essa perseguição. Se alguma coisa a faz temida é a filosofia de não passividade que gera uma consenquënte reação por parte dela a qualquer tipo interferência externa, independente do da forma que essa reação vai se manifestar.
Acho que pela concepção de mundo da Kimbanda e o respeito a liberdade individual de cada um que ela tem como base faz com que ela por respeitar todo tipo de religião seja respeitada da mesma forma. Na Kimbanda acima de tudo se respeita a liberdade e a individualidade de cada um decidir seu destino e escolher seu caminha, acho que isso parte daí.
Na verdade não terminei o texto mas a linha de raciocínio dele segue a lógica de como se formou a presença da entidade que se chama Exú, e por que ele sendo um ancestral nativo, uma expressão maior da nossa cultura indivídual brasileira, absorveu o nome e também a essência da divindade Exú, que ao contrário da religião na origem do culto, está presente e manifesta desde esse período manifesta em nossa cultura reliogiosa. A origem e base do culto é uma, mas nossa realidade é baseada em outra cultura. Uma cultura própria, onde os traços humanos são bem melhores retratados nos antepassados através da figura dos Exús.
Não me apego a esse conceito de evolução, é estranha a minha realidade, mas com certeza eles são a melhor expressão da ancestralidade brasileira, como são os pretos velhos a ancestralidade africana que formou o que existe hoje junto com o índio representado no caboclo expressando nossa ancestralidade nativa, agregado a outras étnias e culturas que fizeram sermos o que somos hoje.
A diferença é que eles expressam uma realidade contemporanea, por isso se tornam mais próximos de nós.
Prentendo ainda na continuação dos posts ainda falar de onde na visão Bantu e no seu culto religioso essas entidades se encaixam, e de onde e como esse culto se adaptou a nossa realidade, para com isso ser um digno representante de nossa natureza espiritual, do que somos hoje. Nisso pretendo também passar pelo fatores e expressões culturais interligadas a isso dentro da realidade da cultura religiosa que se formou no Brasil, originada dos Bantus, mas modificadas por influências indígenas, nagos e que se expressam na essencia em figuras com Zé Pelintra, o malandro...
Para vc ter uma idéia da visão através da cultura Bantu, os Exús e demais entidades se classificam basicamente nas seguintes classes de espíritos:
Miondonas são espíritos tutelares. Nascem conosco e herdam-se principalmente do ramo paterno. Defendem-nos do mal. Deriva de kukondona: limpar (do mal).
Calundus são espíritos justiceiros e medicantes. Herdam-se principalmente do ramo materno. Representam almas de pessoas que viveram em épocas remotas. Distingue-se o diculo – ancião e o diculundundo – ancião de idade mais avançada. Deriva de kulundula: herdar.
Malungas são espíritos simpatizantes. As entidades que, na vida terrena, constituíram indivíduos da raça branca, assumem, por influência do catolicismo, a qualificação particular “santo”. Deriva de M’akuá-lunga: relativos aos do Além.
De qualquer forma se refere a ancestrais nativos, contemporâneos ou componentes da raíz que formou o que somos hoje. Podem ser ancestrais diretos ou ancestrais provenientes da coletividade que pertencemos.
Se sempre houve a busca de manter viva as raízes ancestrais, seguindo as crenças e costumes dos antepassados, seja no negro e suas rodas, sejam de Capoeira, Candomblé, Batuque, Samba ou no índio, com seu culto a natureza, seu xamaniismo da pajelança, seu catimbó ou mesmo no branco com suas missões jesuítas, não seria diferente dessa vez, onde finalmente ele teria uma cultura própria, formada de várias matrizes, unificadora e libertadora, um foco de resistência contra toda opressão que sofreram, um grito de liberdade, ainda que pequena, mas enorme pelo que lhes foi tirado, sua terra, sua cultura, suas famílias e seus antepassados, que ficaram do outro lado do Atlântico, além do horizonte da Kalunga Grande, restando apenas aos que aqui estavam sua memória e seus ensinamentos milenares, que vieram e foram transmitidos pelas bocas daqueles que cruzaram o mar nos navios negreiros.
Dentre esse caldeirão se manifesta com força total Exú. O Orixá que era o guardião dos templos, mercados, aldeias, vilas e cidades ressurge reinventado em um modo arquétipo-ancestral da cultura do novo povo. Não é um ancestral divinizado como algumas divindades africanas, ao contrário, é o mais humano habitante do Orun.
Em busca de uma identidade própria, mas que se formou na junção de várias outras, que tiveram inclusive papéis antagônicos entre si novamente Exú se manifesta, agora pela dualidade, os opostos que se completam e não se anulam, trazendo o opressor e o oprimido, juntos em um terceiro, o mestiço.
Exú é o mestiço. Não é branco nem negro, nem vermelho nem amarelo. É a esfera, p todo num só.
Por isso temos exús de todo tipo de identidade étnica. Ele é um retrato de nosso povo, miscigenado, sensual, alegre, esperto, brincalhão, lutador, perspicaz,, audaz e sempre pronto para a mudança, dono de um jogo de cintura para levar a vida e suas intempéries que só de Exú podia herdar.
Uma herança ancestral que devemos aprender a usar com sabedoria, como faziam os pioneiros usando os santos para cultuar suas divindades, usando a arma de opressão e dominio cultural e religiodo do homem branco para, ironicamente, manter vivas suas tradições.. Enquanto o branco roubava ouro através das imagens, não pagando tributos a coroa, o negro o qual era o meio usado para obter o mesmo ouro que o branco roubava entre si, usava as mesmas imagens para guardar "pedras", sem nenhum valor financeiro, mas com algo de valor inestimável: Sua fé e o axé que lhe foi passado e ali depositado pelos seus ancestrais, ali estava contida a força divina, o axé que se perpetua geração após geração, sendo transmitido em rezas, mitos, rituais, ritos de passagem, no contar de histórias, nos itans, nos orikis que embalam o sono dos nenês, nas danças e nos atos dos Orixás e no gestual das entidades, carregado de pura neurolinguística subliminar, algo milenar que nos faz sentir a energia e reconhece-la intuitivamente, pois faz parte de nós desde o inicio de nossa existência. É a energia que cria pelo movimento constante, algo simultaneamente estável e caótico.
Esse Oriki¹reflete bem a face de Exú
ORIKI de EXU:
Laroiê!
Rei da Astúcia.
Senhor dos Ardis.
Margem, Zona de Fronteira.
Ruas, Esquinas, Estradas.
Interstícios.
Personalidade Liminóide.
Inocência de criança e licença de ancião.
Protetor do Terreiro.
Porteiro e guardião.
Sempre invocado para o bom desenrolar da festa.
Madeira que cupim não rói.
Braço direito de Orunmilá.
Anda pelos campos, anda entre os ebós.
Atirando uma pedra hoje,
Mata um pássaro ontem.
Pelo menos uma delas, a outra é e sempre será o grande mistério. O teatro mágico dos iniciados, como já foi dito, ainda que não se referindo a ele.
Exu. Nas palavras de Jorge Amado: “Exu come tudo que a boca come, bebe cachaça, é um cavaleiro andante e um menino reinador. Gosta de balbúrdia, senhor dos caminhos, mensageiro dos deuses, correio dos orixás, um capeta. Por isso, sincretizaram-no com o Diabo; em verdade ele é apenas o orixá em movimento, amigo de um bafafá, de uma confusão mas no fundo, excelente pessoa. De certa maneira é o
não onde existe o sim; o contra em meio ao favor; o intrépido e invencível.”
Ele é compreendido na África como um deus do movimento, come tudo que a boca come,e que é "quente".
Exu mora nas encruzilhadas. É a idéia é "o que é, mas não é", sempre. Uma encruzilhada a princípio não é caminho algum e é ao mesmo todos eles, certo?. Mas ao contrario de todos os pesquisadores eu tenho certeza que Exu sabe muito bem o que é e o que tem a fazer.
Essa forma de ver o Orixá Exú condiz bem com ο papel que essas entidades ancestrias hoje exercem na nossa cultura religiosa.
Exu é controvertido, porque tem um gênio travesso (Em Cuba, por causa disso ele é o Menino Jesus) e faz o que lhe pedem. O que eu considero um equivoco ridículo. Não tem noção de bem e de mal e se movimenta apontando o pênis pro lugar onde quer ir. Isso não quer dizer que faça o mal, nem o bem, ele é a Pureza (oara ser tão controverso não podia faltar isso né?rsrsrs). Sua Pureza consiste na inocêmcia de seus atos. Só não se confunda Pureza com ingenuidade. Sua Pureza é de uma consciêcia plena, e justa, nunca vusando o mal, nem o bem. Captaram o que quis dizer? Ou como diria um Exú " catou??? " rsrsrs
Sem Exu, os Orixás não podem ajudar seus fiéis. Exu transforma o conflito em harmonia. Tudo sabe, ouve e transmite. Garante a eternidade do povo e a continuidade do homem.
Exu também é associado à sexualidade, a segunda fome humana.
Não existe lugar, no passado, presente ou futuro a que Exu não possa ir. Existe um oriki (verso sagrado) que diz, inclusive, que "Exu mata ontem um passarinho com pedra que atirou hoje para o amanha."
¹ ORIKI- Escreveu certa vez Antônio Risério: “Tudo o que existe, aqui ou no outro mundo, pode ser premiado com a composição de um oriki. Orikis são emitidos para ninar crianças, celebrar deuses,receber visitas, batizados, noivados e funerais. Em suma, pontuam todos os momentos da existência social na Iorubalândia. Oriki. Música verbal. Melopéia. É bom enfatizar que ninguém emite um oriki de orixá em vão. Recitar ou cantar um oriki de Oxossi, por exemplo, é o mesmo que recitar um poema de Blake, ou cantar um blues de Billie Holiday.”